terça-feira, 27 de novembro de 2012

Jovens com diabetes também podem ir para a balada

Doença não traz limitações para adolescentes portadores do diabetes tipo 1, que podem ter vida como qualquer outro jovem


Yuri Salomoni, 24 anos, descobriu ter diabetes tipo 1 aos 12 anos de idade

Sair para a balada, beber, viajar com os amigos, comer doces e mais doces durante um ataque de fúria. As “delícias” que fazem parte da vida de qualquer adolescente passam a ser rotuladas dentro de um pacote proibido quando o jovem descobre ser diabético. O cenário tenebroso e distante da vida de alguém que tem a vida a descobrir pela frente, no entanto, é falso. O jovem diabético pode ter uma vida normal, como qualquer outro adolescente que não é portador da doença, desde que tome os cuidados necessários.
A doença, que em crianças e jovens é marcada pela insulinodependência, é descoberta muitas vezes com um tranco. Foi o caso do roteirista Henrique Szolnoky, 30 anos, que passou um susto para saber que era diabético.
— Para mim foi bem complicada a descoberta. Tive uma crise e fui levado para o hospital. Minha taxa de glicemia foi para 950 mg/dl, quando deveria chegar no máximo a 120 mg/dl.
Na época, ele tinha 16 anos quando começou a se sentir mal. Parecia uma virose, mas com sintomas singulares: enjoo, boca seca e uma sede que não passava com nada. Sem saber o que tinha exatamente, as únicas coisas que conseguia ingerir eram coca-cola, arroz e sucos concentrados, que fazem a taxa de glicose subir. Com o passar dos dias, ele ia piorando e sede, crescendo. O recorde, lembra, foi levantar 17 vezes em uma só noite para fazer xixi e beber água.
Veio a confusão mental e ele, não sabendo mais o que era ou não real, passou a falar coisas sem sentido. Passou quatro dias na UTI (unidade de terapia intensiva) e mais duas semanas internado para administrar insulina e estabilizar o nível de glicose.
— Se teve alguma vantagem em tudo o que aconteceu foi poder entender quais seriam os riscos a curto e longo prazo. Era assustador pensar que o jeito que eu me comportaria naquele momento em relação à doença influenciaria a minha saúde dali a 40 ou 50 anos. De repente, você fica responsável pelo fim da sua vida de uma forma muito mais pesada. E aí o medo passa a ser maior do que qualquer vontade de comer doce.
A endocrinologista Dra. Lenita Zajdenverg, professora adjunta no setor de diabetes da Faculdade de Medicina da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e vice-presidente da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes), explica que o diabetes que acomete mais os jovens é o tipo 1. Nele, a pessoa nasce com uma predisposição para criar anticorpos contra o próprio pâncreas, órgão produtor do hormônio insulina. Ultimamente, no entanto, tem aparecido jovens mais obesos com o tipo 2 da doença, que envolve obesidade e sedentarismo.
— A primeira mudança na vida do diabético é adequar o uso da insulina ao da alimentação. Se aplicou demais, por exemplo, não pode ficar muitas horas sem comer. Se for praticar atividade física, deve evitar a hipoglicemia.
Além do uso da insulina e de uma dieta regrada a fim de evitar a alta taxa de glicemia, é indispensável que o diabético possa sempre verificar o nível de sua glicose. Além disso, explica a especialista, é importante que pratique atividade física a fim de ajudar o organismo a trabalhar melhor a absorção de insulina e, consequentemente, a regulação da taxa de açúcar no sangue.
Ainda que cause as mesmas reações em homens e mulheres, entre as meninas a doença pode ter algumas particularidades. Se, por um lado, o ciclo menstrual pode alterar o controle da glicose, demandando mais insulina na fase pré-menstrual, por outro é importante que se dê preferência para pílulas anticoncepcionais com baixas doses de hormônio. Quando não tratada adequadamente, a doença pode retardar o início da puberdade, levar a um crescimento aquém do esperado ou diminuição da mineralização óssea da mulher, aumentando os riscos de osteoporose.
As consequências de uma doença mal tratada, portanto, não são imediatas e os efeitos surgem a longo prazo. De modo geral, quando o jovem diabético trata a doença adequadamente afasta riscos de complicações graves como cegueira, falência dos rins, mutilação dos membros inferiores, problemas cardiovasculares, entre outros.
Proibido?
Dependendo do tratamento que o jovem diabético faz, explica a endocrinologista, é possível até mesmo ingerir açúcar, desde que esteja “sincronizado” com a quantidade de insulina aplicada. Uma pessoa com diabetes também não está proibida de ingerir álcool, mas tem de ter um cuidado maior. Além de o álcool poder levar a um quadro de hipoglicemia (taxa de açúcar no sangue abaixo do normal), um diabético bêbado pode se esquecer de tomar os cuidados com a doença. O uso do álcool deve ser feito sempre com cautela, checando a taxa de glicose antes de beber e ingerindo alimentos antes para não haver risco de hipoglicemia.
A dieta do jovem diabético é, portanto, a mesma de uma pessoa saudável. E a vida também, como afirma o estudante de engenharia da USP Yuri Salomoni, 24 anos. Diabético desde os 12 anos, ele conta que hoje não faz nada de diferente que seu irmão um ano mais novo.
— Para mim o diabetes não traz nenhuma limitação. Tudo o que meu irmão Ivan, de 23 anos, faz eu faço também, inclusive as baladas.
O jovem, que costumava associar a doença a idosos antes de ser diagnosticado, lembra que a descoberta foi um choque para sua família:
— A única vez em que vi meu pai chorar foi quando a médica disse que eu seria depende de insulina para o resto da vida.
Adepto da corrida diária, da natação e do futebol, Salomoni usa a chamada bomba de insulina. O aparelho é ligado ao corpo através de um cateter subcutâneo, que injeta insulina 24 horas por dia a fim de manter o equilíbrio necessário com a taxa glicêmica.
Suas viagens, conta, são como as de qualquer amigo seu. A única diferença é que sempre deixa alguém alerta em caso de um quadro de hipoglicemia, ciente de quais cuidados essa pessoa deve tomar nessa situação.
Além de deixar alguém do grupo de sobreaviso, é importante que o jovem diabético carregue consigo uma declaração médica que o permita embarcar com o kit que contém um aparelho para medir a taxa de glicose e insulina. É preciso também ficar atento às mudanças de fuso horário para administrar as aplicações. São tarefas simples, mas que demandam adaptação, enfatiza a endocrinologista:
— É importante que o jovem com diabetes não se sinta condenado, já que se trata de uma doença controlável. Tudo na vida é questão de adaptação. Então esse jovem tem de buscar se adaptar e ser feliz, o que é possível mesmo quando se tem diabetes.
Fonte : Marsílea Gombata, do R7

Baladas continuam na capital da Síria, mas movimento caiu após conflito


O DJ emenda hits mundiais, de "Ai Se Eu Te Pego" a "Gangnam Style". A pista está cheia de jovens dançando e gritando. Rodas de amigos ocupam as mesas laterais. Conversam, riem, namoram e bebem cerveja.

A casa noturna Pure Lounge, num bairro cristão antigo de Damasco, continua aberta, apesar da intensificação dos combates nos arredores da capital.

O ambiente é semelhante ao de qualquer balada no Ocidente, num reflexo da Síria moralmente liberal e secular que os simpatizantes governistas temem perder caso a revolta derrube o regime do ditador Bashar Assad.

Enquanto explosões e tiros de morteiro ecoam a todo instante, a Pure Lounge parece alheia à guerra. Não há segurança, detector de metais ou qualquer sinal de tensão no bar-discoteca de design moderno, luz laranja e sofás de couro branco.

O público que comemorava no sábado um aniversário de colegas de faculdade reunia sírios de todos os grupos do país -cristãos, sunitas, xiitas, alauítas e drusos.

"Eu amo farra e ninguém conseguirá me impedir de ter diversão", diz Brahim, 23, recém-formado em administração. Ele planeja continuar indo ao Pure Lounge uma vez por semana. "A vontade agora é ainda maior porque minha namorada viajou", diz, às gargalhadas.

Joseph Eid/AFP 

Jovens em uma danceteria em área nobre da capital síria
Mais cautelosa, a estudante Rana, 23, diz que "a vida tem que continuar", mas admite estar preocupada. "Se a violência seguir aumentando, não sairei mais."

A casa vivia cheia quando abriu, em fevereiro de 2011, um mês antes do início do levante antirregime, segundo os donos da balada, os irmãos franceses Jean-Luc e Jean-Pierre Duthion, que mantêm há anos negócios na Síria.

Mas o número de clientes despencou nos últimos meses. "Investimos US$ 120 mil e sabemos que esse dinheiro não será recuperado tão cedo", diz Jean-Pierre, 33, que não planeja abandonar o país apesar da crise.

O pior, aponta Jean-Luc, é o empobrecimento da clientela. "Antes vinham os sírios mais ricos, mas todos foram embora. Ficaram os estudantes da classe média, que dependem de mesada dos pais."

Para minimizar as perdas e evitar que a casa feche, como várias concorrentes, os irmãos montaram um cardápio mais em conta. Também foram adaptados os horários -a casa abre e fecha mais cedo, com pico de frequência por volta das 21h quando antes havia gente até madrugada adentro.

"Quanto mais tensa a situação, maior minha vontade de manter a casa aberta", diz Jean-Pierre.



Fonte : Jornal Floripa