O DJ emenda hits mundiais, de "Ai Se Eu Te Pego" a "Gangnam Style". A pista está cheia de jovens dançando e gritando. Rodas de amigos ocupam as mesas laterais. Conversam, riem, namoram e bebem cerveja.
A casa noturna Pure Lounge, num bairro cristão antigo de Damasco, continua aberta, apesar da intensificação dos combates nos arredores da capital.
O ambiente é semelhante ao de qualquer balada no Ocidente, num reflexo da Síria moralmente liberal e secular que os simpatizantes governistas temem perder caso a revolta derrube o regime do ditador Bashar Assad.
Enquanto explosões e tiros de morteiro ecoam a todo instante, a Pure Lounge parece alheia à guerra. Não há segurança, detector de metais ou qualquer sinal de tensão no bar-discoteca de design moderno, luz laranja e sofás de couro branco.
O público que comemorava no sábado um aniversário de colegas de faculdade reunia sírios de todos os grupos do país -cristãos, sunitas, xiitas, alauítas e drusos.
"Eu amo farra e ninguém conseguirá me impedir de ter diversão", diz Brahim, 23, recém-formado em administração. Ele planeja continuar indo ao Pure Lounge uma vez por semana. "A vontade agora é ainda maior porque minha namorada viajou", diz, às gargalhadas.
Joseph Eid/AFP
Jovens em uma danceteria em área nobre da capital síria
Mais cautelosa, a estudante Rana, 23, diz que "a vida tem que continuar", mas admite estar preocupada. "Se a violência seguir aumentando, não sairei mais."
Mais cautelosa, a estudante Rana, 23, diz que "a vida tem que continuar", mas admite estar preocupada. "Se a violência seguir aumentando, não sairei mais."
A casa vivia cheia quando abriu, em fevereiro de 2011, um mês antes do início do levante antirregime, segundo os donos da balada, os irmãos franceses Jean-Luc e Jean-Pierre Duthion, que mantêm há anos negócios na Síria.
Mas o número de clientes despencou nos últimos meses. "Investimos US$ 120 mil e sabemos que esse dinheiro não será recuperado tão cedo", diz Jean-Pierre, 33, que não planeja abandonar o país apesar da crise.
O pior, aponta Jean-Luc, é o empobrecimento da clientela. "Antes vinham os sírios mais ricos, mas todos foram embora. Ficaram os estudantes da classe média, que dependem de mesada dos pais."
Para minimizar as perdas e evitar que a casa feche, como várias concorrentes, os irmãos montaram um cardápio mais em conta. Também foram adaptados os horários -a casa abre e fecha mais cedo, com pico de frequência por volta das 21h quando antes havia gente até madrugada adentro.
"Quanto mais tensa a situação, maior minha vontade de manter a casa aberta", diz Jean-Pierre.
Fonte : Jornal Floripa
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